30º Domingo do Tempo Comum

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Leituras:
1ª Leitura – Ex 22,20-26
Salmo – Sl 17,2-3a. 3bc-4. 47.51ab (R. 2)
2ª Leitura – 1Ts 1,5c-10
Evangelho – Mt 22,34-40

“Amarás o Senhor teu Deus, amarás ao teu próximo como a ti mesmo.”

Naquele tempo: 34Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus. Então eles se reuniram em grupo, 35e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo: 36‘Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?’ 37Jesus respondeu: ‘Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento!’ 38Esse é o maior e o primeiro mandamento. 39O segundo é semelhante a esse: ‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’. 40Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos.”

Comentário por Padre Simeão Maria, fmdj.

O Evangelho deste Domingo mostra-nos que o amor está no centro da experiência cristã. O Senhor nos  convida a submergimo-nos nesse amor. Jesus fala-nos, de forma clara e inquestionável, que toda a revelação de Deus se resume no amor – amor a Deus e amor aos irmãos. Os dois mandamentos não podem separar-se: “amar a Deus” é cumprir a sua vontade e estabelecer com os irmãos relações de amor, de solidariedade, de partilha, de serviço, até ao dom total da vida.

Vivemos em um mundo dominado pelo egoísmo, onde o mal maior é dizer não ao amor a Deus e ao próximo. Respondendo ao convite que o Senhor nos faz, somos chamados a oferecer solução, que somente o amor pode oferecer. Diante de toda a problemática que atravessa o mundo, a pergunta é: o que é mais importante? Não basta um amor qualquer. O âmago do ser humano está em amar, de todo o coração de toda a alma e com todo entendimento, ou seja, a  existência do ser completa.

Hoje como estamos vivendo o nosso ser cristão? Mais de dois mil anos de cristianismo criaram uma pesada herança de mandamentos, de leis, de preceitos, de proibições, de exigências, de opiniões, de pecados e de virtudes, que arrastamos pesadamente pela história. Hoje, gastamos tempo e energias a discutir certas questões que  pensamos que são importantes (o casamento dos padres, o sacerdócio das mulheres, as questões sobre aquilo que julgamos ser indispensável na liturgia, os problemas do poder e da autoridade, a perda do sentido da vida humana, a questão dos casamentos falidos, a ideologia de gênero, a negação da lei natural e o mau uso da racionalidade humana…) mas continuamos a ter dificuldade em discernir aquilo que é essencial no projeto de Jesus. A resposta nós  a encontramos no Evangelho. O Senhor explica-nos de forma clara: o essencial é o amor a Deus e aos irmãos. Nisto se resume toda a revelação de Deus e a sua proposta de vida plena e definitiva para os homens. Precisamos rever tudo, de forma que o lixo acumulado não nos impeça de compreender, de viver, de anunciar e de testemunhar o cerne da proposta de Jesus.

O que é “amar a Deus”? De acordo com o exemplo e o testemunho de Jesus, o amor a Deus passa, antes de tudo, pela escuta da sua Palavra, pelo acolhimento das suas propostas e pela obediência total aos seus projetos – para mim mesmo, para a Igreja, para a minha comunidade e para o mundo. Esforço-me, verdadeiramente, por tentar escutar as propostas de Deus, mantendo um diálogo pessoal com Ele, procurando refletir e interiorizar a sua Palavra, tentando interpretar os sinais com que Ele me interpela na vida de cada dia? Tenho o coração aberto às suas propostas, ou fecho-me no meu egoísmo, nos meus preconceitos e na minha autossuficiência, procurando construir uma vida à margem de Deus ou contra Deus? Procuro ser, em nome de Deus e dos seus planos, uma testemunha profética que interpela o mundo, ou instalo-me no meu cantinho cômodo e renuncio ao compromisso com Deus e com o Reino?

O que é “amar os irmãos”? De acordo com o exemplo e o testemunho de Jesus, o amor aos irmãos passa por prestar atenção a cada homem ou mulher com quem me cruzo pelos caminhos da vida (seja ele branco ou negro, rico ou pobre, nacional ou estrangeiro, amigo ou inimigo), por sentir-me solidário com as alegrias e sofrimentos de cada pessoa, por partilhar as desilusões e esperanças do meu próximo, por fazer da minha vida um dom total a todos. O mundo em que vivemos precisa de redescobrir o amor, a solidariedade, o serviço, a partilha, o dom da vida. O modelo do amor: Cristo. O mandamento do amor é amar como Cristo amou e ama. Ele amou-nos encarnando-se, para fazer conosco uma só família de irmãos.


“Tota pulchra es Maria et macula originalis non est in Te”