“A oração é a arma mais poderosa nas mãos do homem”
“Eu sou Rainha da Paz”
Penso que Medjugorje será a mais importante de todas as aparições marianas. É a que interpela o nosso tempo, com uma insistência que deveria ser digna de maior atenção. A primeira aparição é de 24 de junho de 1981. Os seis videntes de então são hoje casados e vivem em vários lugares da Terra. Estive naquela ocasião em Medjugorje e conheci-os a todos. São pessoas normalíssimas, com problemas iguais aos dos outros. É como se Nossa Senhora quisesse estar com as pessoas comuns, as famílias, os trabalhadores, os jovens. Desde aquela primeira vez, apareceu-lhes todos os dias às 18h:00 onde quer que se encontrem. Cada mensagem faz parte do grande desígnio pedagógico de Nossa Senhora: faz aproximar cada ser humano individual do seu Filho Jesus. Deu-lhes dez segredos que serão divulgados por um sacerdote logo que Nossa Senhora dê o seu consentimento a Marjiana, uma das videntes.
É interessante saber que Nossa Senhora da rue du Bac se definiu “Maria Concebida sem pecado”; em Lourdes afirmou: “Eu sou a Imaculada Conceição”; em Fátima: “Eu sou a Senhora do Rosário”; em Banneux: “Eu sou a Virgem dos pobres”; em Kibeho: “Eu sou a Mãe do Verbo”; em Medjugorje: “Eu sou a Rainha da Paz”. A paz dos corações vem somente da adesão ao Verbo, o Filho de Deus. Também os milagres de Nossa Senhora de Civitavecchia, perto de Roma, na vigília deste momento difícil para Igreja, entram nesta lógica. A pequena estátua que lacrimejava sangue foi adquirida Medjugorje. Conheci a família junto da qual Nossa Senhora chorou e convenci-me da sinceridade das suas palavras, tal como das do bispo Monsenhor Grillo, um homem piedoso e sincero.
Como sempre nestes casos, são as peregrinações, as conversões e as confissões que confirmam a veracidade e a sobrenaturalidade do acontecimento. Em Medjugorje, cada um recebe o que realmente precisa. Nunca ninguém veio daí defraudado. Atualmente é o lugar do mundo onde acontecem mais conversões e onde se fazem mais confissões.
Ficamos sempre com um problema: por que que há tantas pessoas incrédulas mesmo perante estas manifestações?
Porque a obra do diabo neste âmbito é muito intensa. Em Medjugorje, Nossa Senhora afirmou que todas as vezes que apareceu foi sempre com Jesus, em seguida o diabo apareceu sempre. É ele quem corrompe e engana. De resto não há nenhuma dúvida de que Medjugorje é um campo avançado na luta contra o demônio. Uma luta serrada, porque Satanás se encontra com um poder que nunca antes teve: o de destruir o mundo graças a alguns instrumentos conseguidos pelo ser humano. Ele sabe perfeitamente como pode realizar este objetivo e trabalha de todos os modos para o conseguir. Mas também trabalha fortemente para insinuar o pecado na Igreja, na tentativa de a destruir. Numa das mensagens, Nossa Senhora recordou que Deus terá concedido a Satanás poder tentar a Igreja por um período aproximadamente indicado em cem anos, na certeza de que também desta vez o diabo será vencido. Ora, como aquele tempo está para acontecer, Satanás está mais do que nunca em azáfama.
Portanto, este é o problema, o sofrimento de Nossa Senhora no seu esforço constante de salvar os homens, o mundo. Donde a sua continua proposta de oração, de jejum, de conversão. Para quem não acredita, isto pode ser uma coisa inútil, um instrumento incapaz de resolver até o mais pequeno problema da humanidade. Mas quem acredita sabe bem que este meio tem grande poder, sabe que a coroa do Terço é realmente mais forte do que qualquer mal, que qualquer arma destruidora. E todos nós, nisto, temos uma grande culpa, a de dedicar muito pouco tempo a Deus, apesar do tempo que nos é dado ser totalmente Seu: um dom absoluto.
Nas mensagens que nos deixaram os videntes de Medjugorje, Nossa Senhora falou com muita frequência a respeito do diabo e sobre sua obra, convidando repetidamente os homens a recusá-lo, a afastar-se dele, a não trabalhar em seu favor porque “quer romper com meus planos”. São Paulo, a este propósito, afirma com firmeza: “Não vos conformeis com a mentalidade deste mundo”. Que é como se dissesse: se quiseres ser cristão não deve viver a fazer das modas o seu estilo.
O Evangelho é claríssimo: quem acreditar será salvo, quem não acreditar será condenado. Nas aparições depois da Ressurreição, Jesus afirma: “Pregai o Evangelho, expulsai os demônios, curai os doentes”. Podemos perguntar-nos se isto está a ser feito, se os cristãos estão efetivamente empenhadas nesta missão. A insistência com que Nossa Senhora aparece em todos os continentes dá-nos a ideia não somente do amor infinito de Deus por nós, mas também da péssima situação religiosa em que está o mundo, da crise tremenda em que está o clero e de como cada um de nós deve ser ajudado. Defecções que partem de todas as classes sociais, abrangem todos os âmbitos de trabalho e de diversão, com as mass media a serem utilizados como instrumentos de corrupção. Quanto a isso eu estou convencido que perante esta maciça atividade de catequese que dá Nossa Senhora, que com esta sua maciça tentativa de convencer o gênero humano, ou há uma resposta ou há um castigo. Toda a Bíblia foi escrita para nos dizer que Deus tem paciência, paciência…, depois vem o castigo. E nós sabemos bem que não é Deus quem castiga, mas são os homens que se castigam a si mesmo e se castigam entre si. Não é Deus quem envia os castigos, mas os homens, inspirados por Satanás, é que os promovem.
“Caros filhos, hoje como nunca convido-vos a oração… Satanás é forte e deseja destruir não apenas a vida humana, mas também a natureza e o planeta sobre o qual viveis”, recitou-se assim na mensagem de Medjugorje em 25 de janeiro de 1991 . Em agosto de 1985, uma outra mensagem de Nossa Senhora convidava “ao empenhamento no combate contra Satanás através da oração”. Um ano depois, insistia: “Somente com a oração vencerei o influxo de Satanás, onde quer que estejais”. “Rezai incessantemente, rezar mais. É assim que Satanás será afastado daqui”. É ainda mais precisa uma mensagem de dezembro de 1988: “Se rezardes, Satanás não pode minimamente tocar-vos, porque vós sois filhos de Deus e e Ele tem um olhar sobre vós. Rezai, a coroa do Terço esteja sempre em vossas mãos como sinal para Satanás de que me pertenceis”.
João XXIII gostava de afirmar que seu dia não chegava ao fim sem antes ter rectado os 15 mistérios do Terço. Paulo VI falava do Terço como do “compêndio de todo o Evangelho”. Leão XIII escreveu doze encíclicas sobre o Terço. João Paulo II dedicou escritos importantes ao Terço e quis ampliar este valor de “compêndio” acrescentando, através da Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, os cinco Mistérios da Luz, e chegou a afirmar que “o nosso coração pode encerrar nas dezenas do Terço os fatos que correspondem a vida do indivíduo, da família, da nação, da Igreja e de toda a humanidade. O Terço bate ao ritmo da vida humana”. João Paulo II, de resto, foi sempre explícito a respeito da sua grande devoção mariana. Após o atentado, não somente confessou estar convencido de ter salvado a vida por intercessão de Nossa Senhora de Fátima, como também mandou pedir aos frades carmelitas da Igreja da Transpontina de Roma um escapulário novo, porque o seu se tinha sujado com sangue. E também é conhecida a imagem de Nossa Senhora que socorre o Papa no momento do disparo, a qual ficou impressa na película fotográfica de um peregrino que naquele instante se encontrava na Praça de São Pedro.
Ao recitar o Terço, pedimos repetidamente a Nossa Senhora para interceder por nós “agora e na hora da nossa morte”. Procedendo assim, temos sempre aberta uma porta para eternidade durante as ocupações e preocupações cotidianas. A principal característica desta oração é de ser ao mesmo tempo oração e mediação dos principais ministérios cristãos. É por isso que em Fátima, Nossa Senhora propôs o Terço como antídoto contra o ateísmo: o homem de hoje, mais do que nunca, precisa meditar, rezar as grandes verdades da fé. E nunca devemos ter medo de parecer “beatos”, repetitivos e habituados na recitação das suas dezenas. Se tivermos dúvidas é suficiente pensar na sorte que teve Santa Bernadete nas aparições, podemos observar que também Nossa Senhora ,juntamente com ela, fazia passar as contas do Terço pelos dedos. Tal como nas aparições em Banneux, Nossa Senhora acompanhava com o movimento dos lábios a recitação do Terço por parte da pequena vidente.
De modo concreto, através da recitação do Terço participamos na batalha extraordinária e generosa contra o mal em que se encontra Nossa Senhora, que apareceu em muitas partes do mundo convidando a que não se violem as leis de Deus e que não se ceda perante a corrupção. Convencidos, como Ela mesma nos lembra, de que o Senhor nos criou livres e que somente a verdade que está nEle nos torna livres.
Mas, a dúvida surge com naturalidade, à luz desta insistência de Nossa Senhora de pedir as nossas orações, obedecida por milhões de pessoas que todos os dias meditam o Terço e todos os anos realizam peregrinações até os lugares das aparições e nos santuários, como é que no mundo parece que tudo fica na mesma?
Eu mesmo perguntei a uma das videntes que sentido tinha esse empenhamento incessante se depois o mundo não se converte e se de qualquer forma chegará o momento em que ele se castigará a si mesmo? A resposta, embora elementar, foi desarmante, porque também ela tinha feito a mesma pergunta a Nossa Senhora:
“Quanto mais o castigo é retardado pelas orações, pela penitência, pelo jejum e pelas obras de caridade, tanto mais é mitigado”.
Para mim foi a contínua confirmação de que a oração é a arma mais poderosa nas mãos do homem.
Fonte: MAIS FORTES QUE O MAL – Padre Gabrielle Amorth