3º Domingo da Quaresma

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1ª Leitura – Ex 20,1-17
Salmo – Sl 18, 8.9.10.11 (R Jo 6,68c)
2ª Leitura – 1Cor 1,22-25
Evangelho – Jo 2,13-25

“…E acreditaram na Escritura e na palavra dele.”

“13Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. 14No Templo, encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os cambistas que estavam aí sentados. 15Fez então um chicote de cordas e expulsou todos do Templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas. 16E disse aos que vendiam pombas: ‘Tirai isto daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!’ 17Seus discípulos lembraram-se, mais tarde, que a Escritura diz: ‘O zelo por tua casa me consumirá’. 18Então os judeus perguntaram a Jesus: ‘Que sinal nos mostras para agir assim?’ 19Ele respondeu: ‘Destruí, este Templo, e em três dias o levantarei.’ 20Os judeus disseram: ‘Quarenta e seis anos foram precisos para a construção deste santuário e tu o levantarás em três dias?’ 21Mas Jesus estava falando do Templo do seu corpo. 22Quando Jesus ressuscitou, os discípulos lembraram-se do que ele tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra dele. 23Jesus estava em Jerusalém durante a festa da Páscoa. Vendo os sinais que realizava, muitos creram no seu nome. 24Mas Jesus não lhes dava crédito, pois ele conhecia a todos; 25e não precisava do testemunho de ninguém acerca do ser humano, porque ele conhecia o homem por dentro.”

Comentário por Padre Simeão Maria, fmdj.

No Evangelho deste 3º Domingo da Quaresma, Jesus apresenta-Se como o “Novo Templo” onde Deus Se revela aos homens e lhes oferece o seu amor. Convida-nos a olhar para Jesus e a descobrir nas suas indicações, no seu anúncio, no seu “Evangelho” essa proposta de vida nova que Deus nos quer apresentar. Jesus expulsa os vendilhões do Templo com um chicote de cordas. O Templo é casa de oração que não deve transformar-se em comércio. Mas como entender o gesto de Jesus? Quando Jesus pega o chicote de cordas, expulsa do Templo os vendedores de ovelhas, de bois e de pombas, derruba por terra as moedas dos cambistas. (vv. 14-16), Ele está revelando-Se a si mesmo como “Messias” e anunciando que chegaram os novos tempos, os tempos messiânicos.

Ao expulsar do Templo também as ovelhas e os bois que serviam para os ritos dos sacrifícios que Israel oferecia a Deus, Jesus mostra que não propõe apenas uma reforma, mas a abolição do próprio culto. O culto prestado a Deus no Templo de Jerusalém era, antes de mais, algo que tinha esgotado: ao transformar a casa de Deus num mercado, os líderes judaicos tinham suprimido a presença de Deus. Mas, além disso, o culto celebrado no Templo era algo de nefasto: em nome de Deus esse culto criava exploração, miséria, injustiça e, por isso, em lugar de patrocinar a relação do homem com Deus, o afastava de Deus. Jesus, o Filho, com a autoridade que Lhe vem do Pai, diz claramente “basta” a uma mentira com a qual Deus não pode ser conivente: ‘Tirai isto daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!’ (v. 16). Jesus estava falando do seu corpo. O corpo de Cristo é o Templo novo das glórias do Pai, onde se celebra o sacrifício da nova eterna Aliança. Nele habita toda plenitude, divindade, e por isso, já não tem sentido o Templo de Jerusalém, que será destruído e cederá espaço ao novo Templo, o Cristo Jesus. O Ressuscitado é a presença do Pai na Igreja e no mundo, o centro de convergência de Deus e da humanidade. Os judeus pedem-lhe um sinal, mas o sinal é Ele, que está diante dos seus olhos.  O Cristo é a razão e a resposta de toda existência. No seu mistério de amor, paixão, morte e ressurreição está o ‘porque’ da humanidade.

Os cristãos são aqueles que fizeram a sua adesão ao mistério de Cristo, que aceitaram integrar a sua Igreja-Comunidade, que comeram a Sua carne e beberam o Seu sangue, que se identificaram com Ele. Membros do Corpo de Cristo, os cristãos são pedras vivas desse novo Templo onde Deus se manifesta ao mundo e vem ao encontro dos homens para lhes oferecer a vida e a salvação. Inseridos no Corpo de Cristo pelo Batismo, os cristãos acreditam na ação santificadora do Espírito que expulsa dos nossos corpos – do nosso ser como um todo – tudo aquilo que não condiz com a dignidade de filhos e filhas de Deus.