21º Domingo do Tempo Comum
Leituras:
1ª leitura – Is 22,19-23
Salmo 137,1-2a.2bc-3.6.8bc (R. 8bc)
2ª leitura – Rm 11,33-36
Evangelho – Mt 16,13-20
“Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo!”
(Por Padre Simeão Maria, fmdj)
O Evangelho deste domingo propõe a célebre passagem onde Pedro reconhece Jesus como Messias, reconhece, por Dom de Deus, que Jesus é o Filho de Deus. Jesus reconhece em Pedro o “fundamento” onde apoia todo o edifício da sua Igreja. Nas mãos de Pedro Jesus confia as chaves, que simboliza o poder espiritual.
Um poder que depois da ressurreição de Jesus, deve desenvolver no serviço – diakonia, servir e confirmar os irmãos na fé. Pedro deve seguir em tudo o exemplo e o ensinamento do seu Mestre. O poder das chaves se concretiza de forma eficaz no “ligar e desligar”. A função do apóstolo Pedro e dos seus sucessores é aquela de atualizar e interpretar a vontade salvífica de Cristo. Não é apenas uma mera menção sobre o poder de perdoar os pecados, mas uma declaração sobre a função que Pedro e a Igreja de Cristo são chamados a desenvolver em prol do povo de Deus.
“Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo“ (v.16). Nestes dois títulos resume-se a fé da Igreja de Mateus e a catequese aí feita sobre Jesus. Dizer que Jesus é “Messias” (Cristo) significa dizer que Ele é esse libertador que Israel esperava, enviado por Deus para libertar o seu Povo e para lhe oferecer a salvação definitiva. No entanto, para os membros da comunidade do Reino, Jesus não é apenas o Messias: é também o “Filho de Deus”. No Antigo Testamento, a expressão “Filho de Deus” é aplicada aos anjos (Dt 32,8; Sl 28,1; 89,7; Jó 1,6), ao Povo eleito (Ex 4,22; Os 11,1; Jer 3,19), aos vários membros do Povo de Deus (Dt 14,1-2; Is 1,2; 30,1.9; Jr 3,14), ao rei (2 Sm 7,14) e ao Messias/rei da linhagem de Davi (Sl 2,7; 88,27). Designa a condição de alguém que tem uma relação particular com Deus, a quem Deus elegeu e a quem Deus confiou uma missão. Definir Jesus como o “Filho de Deus” significa, não só que Ele recebe vida de Deus, mas que vive em total comunhão com Deus, que desenvolve com Deus uma relação de profunda intimidade e que Deus Lhe confiou uma missão única para a salvação dos homens; significa reconhecer a profunda unidade e intimidade entre Jesus e o Pai e que Jesus conhece e realiza os projetos do Pai no meio dos homens. Os discípulos são convidados a entender dessa forma o mistério de Jesus.
Temos a resposta de Jesus à Profissão de fé da comunidade dos discípulos, apresentada pela voz de Pedro. Jesus começa por felicitar Pedro (isto é, a comunidade) pela clareza da fé que o anima. No entanto, essa fé não é mérito de Pedro, mas um dom de Deus, “não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu” (v.17). Pedro (os discípulos) pertence a essa categoria dos “pobres”, dos “simples”, abertos à novidade de Deus, que têm um coração disponível para acolher os dons e as propostas de Deus.
O que é que significa Jesus dizer a Pedro que ele é “pedra” (o nome “Pedro” é a tradução grega do hebraico Kephâ – pedra) sobre a qual a Igreja de Jesus vai ser construída? As palavras de Jesus têm de ser vistas no contexto da profissão de fé precedente. Mateus está, portanto, a afirmar que a base firme e inamovível sobre a qual vai assentar a Ekklesia de Jesus é a fé que Pedro e a comunidade dos discípulos professam: a fé em Jesus como o Messias, Filho de Deus vivo.