14º Domingo do Tempo Comum

jesus_sinagoga

1ª Leitura – Ez 2,2-5
Salmo – Sl 122,1-2a.2bcd.3-4 (R. 2cd)
2ª Leitura – 2Cor 12,7-10
Evangelho – Mc 6,1-6

“De onde recebeu ele tudo isto?”

“Naquele tempo: 1Jesus foi a Nazaré, sua terra, e seus discípulos o acompanharam. 2Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos que o escutavam ficavam admirados e diziam: ‘De onde recebeu ele tudo isto? Como conseguiu tanta sabedoria? E esses grandes milagres que são realizados por suas mãos? 3Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui conosco?’ E ficaram escandalizados por causa dele. 4Jesus lhes dizia: ‘Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares’. 5E ali não pôde fazer milagre algum. Apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos. 6E admirou-se com a falta de fé deles. Jesus percorria os povoados das redondezas, ensinando.”


Comentário por Padre Simeão Maria, fmdj.

O Evangelho deste domingo mostra-nos que, Deus manifesta-se aos homens na fraqueza e na fragilidade. Normalmente, Ele não se manifesta na força, no poder, nas qualidades que o mundo acha brilhantes e que os homens admiram e endeusam; mas, muitas vezes, Ele vem ao nosso encontro na fraqueza, na simplicidade, na debilidade, na pobreza, nas situações mais simples, nas pessoas mais humildes… É preciso que interiorizemos a lógica de Deus, para que não percamos a oportunidade de O encontrar, de perceber os seus desafios, de acolher a proposta de vida que Ele nos faz.

Em um dia de sábado, Jesus vai a sinagoga de Nazaré, rezar e ensinar. O seu ensinamento naquele sábado, deixam impressionados os habitantes de Nazaré, como já tinham deixado impressionados os fiéis da sinagoga de Cafarnaum (Mc 1,21-28). No entanto, os de Cafarnaum, depois de ouvir Jesus, reconheceram a sua autoridade mais do que divina (e que, segundo eles, era diferente da autoridade dos doutores da Lei); os de Nazaré vão tirar outras conclusões. Depois de escutarem Jesus, na sinagoga, os seus conterrâneos traduzem a sua perplexidade através de várias perguntas… Duas das questões postas dizem respeito à origem e à qualidade dos ensinamentos de Jesus (‘De onde recebeu ele tudo isto? Como conseguiu tanta sabedoria?’ – v. 2); uma outra questão refere-se à qualificação das ações de Jesus (‘E esses grandes milagres que são realizados por suas mãos? – v. 2).

Para os conterrâneos de Jesus, ele está fora  do normal, eles recordam o seu ofício e a “normalidade” da sua família (v. 3a)… Para eles, Jesus é “o carpinteiro”: não é um “rabi”, nunca estudou as Escrituras com nenhum mestre conceituado e não tem qualificações para dizer as coisas que diz. Por outro lado, eles conhecem a identidade da família de Jesus e não descobrem nela nada de extraordinário: Ele é o “filho de Maria” e os seus irmãos e irmãs são gente “normal”, que toda a gente conhece em Nazaré e que nunca revelaram qualidades excepcionais. Portanto, parece claro que o papel assumido por Jesus e as ações que Ele realizou são humanamente inexplicáveis.
Depois, chamam-Lhe depreciativamente “o filho de Maria” (o costume era o filho ser conhecido em referência ao pai e não à mãe).Os conterrâneos de Jesus não conseguem reconhecer a presença de Deus naquilo que Jesus diz e faz.

Jesus responde aos seus concidadãos (v. 4) citando um conhecido provérbio, mas que Ele modifica, em parte (o original devia soar mais ou menos assim: “nenhum profeta é respeitado no seu lugar de origem, nenhum médico faz curas entre os seus conhecidos”). Nessa resposta, Jesus assume-Se como profeta – isto é, como um enviado de Deus, que atua em nome de Deus e que tem uma mensagem de Deus para oferecer aos homens. Os ensinamentos que Jesus propõe não vêm dos mestres judaicos, mas do próprio Deus; a vida que Ele oferece é a vida plena e verdadeira que Deus quer propor aos homens.