Sagrada Família: Jesus, Maria, José!
1ª Leitura – Eclo 3,3-7.14-17a (gr.2-6.12-14)
Salmo – Sl 127,1-2.3.4-5 (R. Cf 1)
2ª Leitura – Cl 3,12-21
Evangelho – Lc 2,22-40
“O menino crescia…”
Comentário por Padre Simeão Maria, fmdj.
Jesus quis nascer e crescer em uma família humana. A salvação foi-nos oferecida num contexto de família. Frutifica o dom de Deus no viver no escondimento em Nazaré na Galileia com Maria, a mãe e José, o carpinteiro. O grande segredo de Jesus em Nazaré, é o de não haver mistério. Tudo vivido na simplicidade e na normalidade de uma família, “O menino crescia…”, crescia no silêncio. O silêncio é a linguagem de Deus. O evangelista Lucas inicia falando da apresentação do menino Jesus no Templo com bastante ênfase na fidelidade da família de Jesus à Lei do Senhor (vv. 22.23.24), ele quer deixar claro que Jesus, desde o início da sua caminhada entre os homens, viveu na diligente fidelidade aos mandamentos e aos projetos do Pai. A missão de Jesus no mundo passa por aí – pelo cumprimento da vontade e do projeto do Pai.
No Templo, duas personagens acolhem Jesus: Simeão e Ana. Eles representam esse Israel fiel que espera ansiosamente a sua libertação e a restauração do reinado de Deus sobre o seu Povo.
De Simeão diz-se que era um homem “justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel” (v. 25). As palavras e os gestos de Simeão são particularmente sugestivos… Simeão toma Jesus nos braços e apresenta-O ao mundo, definindo-O como “a salvação” que Deus quer oferecer “a todos os povos”, “luz para se revelar às nações e glória de Israel” (vv. 28-32). Jesus é, assim, reconhecido pelo Israel fiel como esse Messias esperado, o salvador, a quem Deus enviou – não só ao seu povo, mas a todos os povos da terra. Aqui desponta um tema muito querido a Lucas: o da universalidade da salvação de Deus… Deus não tem já um Povo eleito, mas a sua salvação é para todos os povos, independentemente da sua raça, da sua cultura, das suas fronteiras, dos seus esquemas religiosos. As palavras que Simeão dirige a Maria (“este menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para ser sinal de contradição; e uma espada trespassará a tua alma” – vv. 34-35) aludem, provavelmente, à divisão que a proposta de Jesus provocará em Israel e ao resultado dessa divisão – o drama da cruz.
Ana é também uma figura do Israel pobre e sofredor (“viúva”), que se manteve fiel ao Senhor (não casou novamente, após a morte do marido – v. 37), que espera a salvação de Deus. Depois de reconhecer em Jesus a salvação anunciada por Deus, ela “falava do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém” (v. 38).
O texto termina com uma referência ao resto da infância de Jesus e ao crescimento do menino em “sabedoria” e “graça”. Trata-se de atributos que lhe vêm do Pai e que atestam, portanto, a sua divindade (v. 40). Jesus é o Deus que vem ao encontro da humanidade com a missão que lhe foi confiada pelo Pai. Jesus veio cumprir integralmente o projeto do Pai… E esse projeto envolve diretamente José e Maria. A Sagrada Família é o ícone da Igreja doméstica, é a escola de oração para todos os orantes de todos os tempos.