“Sem Medjugorje não teria feito ‘A Paixão de Cristo'”
Jim Caviezel fez o papel principal no filme de Mel Gibson “A Paixão de Cristo” e se tornou conhecido no mundo inteiro. As emocionantes cenas da flagelação e crucificação de Jesus fizeram com que a Paixão do Senhor se tornasse causa de muitas discussões sobre a fé. Um professor vienense de teologia levou a crítica ao filme a ponto de dizer: “Como posso aceitar que os meus pecados, sejam supostamente tão grandes, que um homem tenha que suportar tanto sofrendo por mim?”. Várias vezes ouvimos falar sobre conversões, as quais os espectadores sentiram enquanto assistiam ao filme.
Quem é esse Jim Caviezel que foi capaz de interpretar Jesus de um modo tão impressionante? Em entrevista ao “Oásis da Paz”, ele admite que sem a sua experiência em Medjugorje, ele nunca teria aceito esse papel. Em Medjugorje ele recebeu uma nova dimensão da fé.
Entrevista com Jim Caviezel
Por Christian Stelzer – Viena, fevereiro de 2010
1. Jim, você poderia dizer-nos como você ouviu falar de Medjugorje?
Minha esposa estava em Medjugorje enquanto eu estava na Irlanda durante as filmagens do “Conde de Monte Cristo”. As coisas não estavam indo bem naquela época embora eu estivesse trabalhando sete dias por semana. Ela me ligou e pelo tom de sua voz pude sentir que ela estava passando por uma mudança. Ela começou me falando sobre Medjugorje e que um vidente viria até a Irlanda. Eu a interrompi com estas palavras: “Olha, eu tenho um trabalho sério a fazer. Não posso lidar com videntes neste momento”. Eu acreditava que mesmo como católico eu não era obrigado a aceitar Fátima, Lourdes e Medjugorje a todo custo. Esta era a minha ideia. Eu também me lembrava de como meus amigos e eu, que estávamos frequentando uma escola católica na ocasião, ficamos entusiasmados com os acontecimentos de Medjugorje e, quando ouvimos o bispo local rejeitar as aparições, declarando-as falsas, nós perdemos o interesse. O vidente Ivan Dragicevic, de Medjugorje veio até a Irlanda. Estava claro para mim que eu não teria tempo para vê-lo porque eu tinha que trabalhar sem parar. Mas, em uma quinta-feira, meu parceiro nas filmagens, Richard Harris não estava se sentindo bem, e eu fiquei livre pelo resto do dia. Portanto eu poderia assistir à aparição. Eu fiquei comprimido no fundo da igreja e não tinha uma idéia clara do que iria acontecer ali. No momento da aparição, um senhor de cadeiras de rodas caiu de joelhos e eu fiquei muito impressionado com isto – pensei, este homem deficiente está ajoelhado no chão de pedras frio, apesar de sua grande dor, e ele está rezando! Hoje eu estou consciente que somente Deus poderia saber tão bem onde eu ficaria impressionado. O estranho é que me deram folga novamente no domingo seguinte e eu pude me encontrar com o vidente Ivan, o que era um desejo especial de minha esposa. Durante a aparição, eu me ajoelhei próximo a ele dizendo em meu coração: “Ok. Eu estou aqui. Eu estou pronto. Faça comigo o que quiser”. No mesmo momento eu senti algo me preenchendo. Era tão simples e também tão único. Quando me levantei, lágrimas desciam de meus olhos. Comecei a chorar de todo o meu coração.
Ivan me disse: “Jim, o homem sempre encontra tempo para aquilo que ele ama. Se alguém não tem tempo e repentinamente encontra uma garota que ama, ele com certeza encontrará tempo para ela. A razão porque alguém não tem tempo para Deus, é porque não O ama”. Isto me tocou e eu fiquei pensando se eu tinha tempo para Deus. Ivan continuou a me dizer: “Deus chama você a rezar com o coração”. Como eu faria isto? – eu perguntei. “Começando a rezar”. Neste momento abriu-se uma janela em meu coração. Nunca antes eu tinha pensado que isto fosse possível. Nós fomos a um restaurante e devo dizer que a comida e o vinho naquela noite nunca foram tão bons. Algo começou a mudar em mim. Muitas vezes minha esposa quis me ensinar a rezar o Rosário e eu sempre recusei. Agora eu desejava rezar o Rosário embora eu realmente não soubesse como. Eu apenas sentia que o meu coração tinha se aberto para isto. Uma manhã eu disse para o meu motorista que me levava para o local das filmagens todos os dias: “Não sei o que você pensa sobre isto, mas eu gostaria de rezar o Rosário.” Para minha surpresa ele me disse: “OK, vamos lá”. Sob a suave luz do amor que comecei a sentir, comecei a reconhecer onde eu estava, quantas tentações eu tinha, onde os meus sentimentos estavam, como eu era fraco e quantas pessoas foram condenadas por minha causa.
2. Quando você veio a Medjugorje pela primeira vez?
Após o final da filmagem, que terminou em Malta, decidi ir até Medjugorje. Estava cheio de expectativas dentro de mim. Quando eu tinha 20 anos, havia como uma voz dentro de mim que me disse para me tornar um ator. Quando contei a meu pai sobre isto, ele me respondeu: “Quando Deus quer algo de você, então certamente somente seria para você ser padre. Por que você deveria ser um ator?”. Eu também não entendia isto naquela época. Agora eu me perguntava de um novo modo se era vontade de Deus que eu deveria me tornar um ator para ganhar muito dinheiro e me tornar rico. Eu estava consciente do desequilíbrio no mundo onde poucos possuem muito e muitos que tem pouco para viver e tinha certeza que Deus não quer isto e que teríamos que tomar uma decisão sobre quem a quem deveríamos servir: à riqueza, que não nos garantirá a eterna alegria ou Deus que quer guiar nossas vidas. Medjugorje me lembrava Belém e eu pensei: “Como Jesus nasceu em um pequeno lugar, então a Mãe de Deus aparece aqui em uma pobre área entre as montanhas”. Os quatro dias que passei em Medjugorje foram como uma ruptura para mim. No começo eu ainda me surpreendi como as pessoas rezavam aqui. Eu vi uma semelhança com o basquete, que você não joga somente uma vez, mas novamente e de novo, continuamente. Da mesma forma, na escola nós não lemos somente um dia, mas durante todo o tempo. Durante os primeiros dias em Medjugorje, me senti inquieto enquanto rezava, pois não costumava rezar muito e pedi a Deus que me ajudasse. Após quatro dias, tudo o que eu queria era rezar. Todo o tempo em que rezei me senti unido a Deus. Esta é uma experiência que desejaria que todo católico tivesse. Talvez, quando criança, eu tivesse tido tal experiência, mas a tinha esquecido. Agora ela me foi dada. Hoje quando as pessoas me perguntam porque eu vou a Medjugorje, eu digo a elas: “Olhem, se vocês não acreditam em radioatividade, vão até Chernobyl e permaneçam por lá cinco dias. Vocês verão que seus cabelos começarão a cair. Estas são as consequências da radiação. Em Medjugorje existe uma radiação do Paraíso, na qual milhares de pessoas se convertem e gerações de pecadores se dissolvem”. É uma irradiação do Espírito Santo que leva as pessoas a rezar, ir à Missa diariamente e a adorar o Santíssimo Sacramento. Esta experiência permanece, também em casa. Em minha família nós vivemos os sacramentos juntos. Com meus filhos eu rezo o terço todos os dias no caminho da escola. Se não começo a oração, meu filho começa a rezar. Quando eu fui a Medjugorje pela segunda vez, eu estava buscando a mesma experiência da primeira visita. Desta vez foi diferente. Após o almoço, alguns peregrinos me convidaram para ir com eles até Siroki Brijeg para conhecer o padre Jozo. Este era um desejo especial de minha esposa. Eu não conhecia padre Jozo, mas o que eu ouvi dele me tocou muito. Eu fui até ele, ele colocou sua mão em meus ombros, e eu fiz o mesmo. Ele colocou as suas mãos em minha cabeça e eu fiz o mesmo. Naquele momento eu senti estas palavras em meu coração: “Eu amo você irmão. Este homem ama a Jesus”. Padre Jozo espontaneamente falou com a sua interprete, perguntando em croata, quem eu era e que ele queria falar comigo. Este foi o começo de uma amizade que dura até hoje. Neste tempo eu já tinha terminado a filmagem da “Paixão de Cristo” e várias vezes experimentei como forças diferentes tentaram evitar que eu fizesse aquele filme.
3. Você pode nos dizer porque você teve esta experiência e qual é a ligação entre o filme e Medjugorje?
Provavelmente você conhece o ditado: “cruzando o Rubicão” – isto significa que não há volta. O filme “A Paixão de Cristo” é algo como isto para mim. Quando eu ouvia o Papa João Paulo II dizer que não devemos ter medo, pensava que eu não teria medo em qualquer circunstância e que eu estava indo bem. Durante as filmagens da “Paixão de Cristo” comecei a entender que Jesus é mais polêmico do que nunca. Alguns colegas profetizaram que eu perderia tudo por causa do filme: minha carreira, meu dinheiro, talvez a minha família ou minha vida. Eu tinha 33 anos quando o filme começou. Tinha a mesma idade de Jesus quando Ele viveu a Paixão. Muitas vezes eu duvidei se eu era digno de interpretar Jesus. O vidente Ivan Dragicevic me incentivou dizendo que Deus nem sempre escolhe os melhores e que ele vivia esta mesma situação. Sem Medjugorje eu nunca teria feito este papel, pois lá, meu coração se abriu para a oração e aos sacramentos. Eu sabia que tinha de estar muito perto de Jesus se queria fazer o Seu papel. Todos os dias eu me confessava e fazia Adoração Eucarística. Mel Gibson também vinha a Santa Missa com a condição de que fosse celebrada em Latim. Isto foi bom para mim pois tive que aprender o Latim deste modo. Tentações vinham o tempo topo e eu tinha que lutar contra elas. Nesta luta eu frequentemente experimentei uma grande paz interior. Por exemplo, na cena em que Maria, a Mãe de Deus vem até mim e eu digo: “Olhe. Eu faço novas todas as coisas.”. Nós repetimos esta cena quatro vezes e ainda sentia que era a primeira vez. Alguém então bateu na cruz e meu ombro esquerdo foi deslocado. Com esta dor terrível eu perdi o equilíbrio e fiquei no chão esmagado pela cruz. Eu caí de rosto no chão sujo e o sangue começou a sair do meu nariz e da boca. Eu repeti as palavras para a mãe: “Olhe. Eu faço novas todas as coisas.”. Meu ombro estava doendo terrivelmente enquanto eu vagarosamente abracei a cruz e senti como ela era preciosa. Neste ponto eu parei de atuar e Jesus se tornou visível. Como se a resposta para as minhas orações fosse: “Desejo que as pessoas vejam você, Jesus e não eu atuando.” Rezávamos o Rosário constantemente. Não sei quantos Rosários eu rezei durante o filme – assim, uma atmosfera especial foi criada. Eu sabia que não deveria falar palavrões ou perder a calma se eu quisesse transmitir algo à equipe. A maioria deles não conhecia Medjugorje, eles eram grandes atores e nós estávamos felizes de estar com eles. Como eu poderia transmitir Medjugorje a eles senão através da minha vida? Para mim Medjugorje significa viver os Sacramentos, em unidade com a Igreja. Eu comecei a acreditar, através de Medjugorje, na presença real de Jesus na Santa Eucaristia e que Ele perdoa os meus pecados. Através de Medjugorje eu experimentei quão poderosa é a oração do Rosário e o dom que a Missa diária representa. Como eu posso fazer com que as pessoas acreditem mais em Jesus? Entendi que isto pode acontecer quando Jesus está em mim através da Eucaristia e que as pessoas vêem Jesus através da minha vida. Quando a cena da última ceia foi filmada, eu carregava relíquias de Santos e um pequeno pedaço da cruz de Cristo em bolsos especiais da minha roupa. Então eu desejei que Jesus estivesse totalmente presente e então eu pedi ao padre para expor o Santíssimo Sacramento. Primeiramente ele não queria fazer, mas eu insisti pois estava convencido de que quando estivessem olhando para Jesus as pessoas poderiam reconhecê-Lo melhor em mim. O padre permaneceu atrás do rapaz da câmera com o Santíssimo Sacramento em suas mãos e ele se aproximou de mim. Quando as pessoas vêem o brilho de meus olhos no filme, eles não percebem que estão vendo a Jesus, o reflexo da Hóstia Consagrada em minhas pupilas. E assim aconteceu também na cena da crucificação: o padre estava presente, segurando o Santíssimo Sacramento em suas mãos, enquanto eu rezava continuamente. O maior desafio no filme não foi aprender textos em latim, aramaico e hebraico, mas ao contrário, foram as dificuldades físicas que tinham que ser suportadas. Durante a última cena eu tive o ombro deslocado que se movia durante todo o tempo em que a cruz era atingida. Na flagelação eu fui atingido duas vezes e fiquei com um ferimento de 14 cm em minhas costas, meu pulmão estava cheio de líquido e eu tive pneumonia. A falta de sono crônica era tangível. Durante meses eu acordei às 3 da manhã diariamente porque só a maquiagem levava 8 horas. Durante as últimas cenas, as nuvens estavam muito baixas e um raio atingiu a cruz na qual eu estava. Repentinamente tudo ficou em silêncio em torno de mim e eu senti que meu cabelo estava arrepiado em minha cabeça. Cerca de 250 pessoas que estavam ao meu redor viram meu corpo se iluminando e fogo queimando do lado direito bem como no lado esquerdo da minha cabeça. Muitos ficaram chocados com o que eles estavam vendo. Eu sabia que a “Paixão de Cristo” é um grande filme de amor. Jesus hoje é mais controverso do que nunca antes. Existem muitos modos de destruir a humanidade pelas armas nucleares e biológicas mas eu acredito em Jesus e confio nEle. Esta é a fonte da minha alegria. Acho que Deus está nos chamando de um modo especial nestes dias e nós precisamos dar uma resposta – em nosso coração e em nossa vida.
Original: www.oasedesfirendens.at