Imitadores de Cristo
“Quem a tudo renuncia, tudo receberá.” – São Francisco de Assis
Morrer pra si mesmo para servir a Deus e ao próximo é um convite de Nosso Senhor, porém muito difícil de viver nos nossos dias. Mesmo com a promessa da recompensa divina não queremos renunciar nada na nossa vida. Queremos sim, e cada vez mais, buscar comodidades e confortos mundanos. Queremos ser servidos a todo o momento. E assim, cada contratempo por menor que seja se torna intolerante. E isso vai desde uma pequena dor de cabeça até uma crítica mesmo que seja feita com amor. A razão é que nunca queremos ser contrariados, apenas exaltados e amados. Não estamos preparados para ouvir verdades e nos tornamos melindrosos a cada “não” que recebemos.
O mundo quer nos impor um ensinamento contrário ao Evangelho, onde o último é um fracassado e o primeiro é o vencedor. Por isso, hoje em dia dificilmente encontramos pessoas dispostas a se doar por amor ou tolerantes a dor, que carregam a Cruz sem murmurações. Somos “treinados” pelo mundo a buscar vitória, fama, riqueza, divertimento, conforto, alívio, saúde… e nos esquecemos que o sofrimento enaltece o homem. Deus exalta o humilde, o doente, o pecador, assim como àquele que renuncia os prazeres do mundo para se doar a Ele no serviço de amor aos mais necessitados.
Falo inicialmente dos cristãos que literalmente abandonaram o conforto de suas vidas para se doar na íntegra ao serviço do Reino de Deus – os sacerdotes e religiosos (as) – sem esperar por uma recompensa material, pois sabem que estão juntando um tesouro maior e sua recompensa será eterna. A todo instante, eles morrem para si, para que Jesus nasça, eles se tornam “transparentes” para que Jesus se “materialize” em suas vidas.
Falo também dos cristãos que aceitam a Cruz com amor, não porque amam o sofrimento, mas porque amam a Cristo e através da sua dor se aproximam ainda mais de Jesus. Pessoas que sabem “tirar proveito” do sofrimento se unindo a Nosso Senhor no altar da imolação. Acredito que essas pessoas sustentam a Misericórdia de Deus para toda a humanidade.
Sejam consagrados ou leigos, esses cristãos se assemelham ao Cordeiro Imolado e testemunham fidelidade e amor a Deus. Não se intimidam com o sofrimento e com a dor, porque estão em comunhão com Jesus no Calvário e unidos a Nossa Senhora junto à Cruz. São exemplos vivos de Cristo, que nos servem de inspiração e que nos encorajam a viver na “contramão” do mundo.
Por isso, agradeço a Deus a vida de cada um dos nossos irmãos e irmãs do Mosteiro que são fieis às suas promessas de consagração e que não abandonaram Jesus na cruz. E por todos os oblatos que procuram viver em comunhão com a Fraternidade, especialmente aqueles que sofrem a dor maior, a dor de ver o sofrimento de um filho querido e amado, mas que mantem acessa as chamas da fé e da esperança, confiando e esperando no Senhor, testemunhando que “dor e sofrimento, considerados à luz da fé, não são males, mas uma fonte de bênção e graça”.
Vocês são mais que exemplo e inspiração, são verdadeiros imitadores de Cristo, sinal de contradição no mundo, loucura para os homens, mas que transmitem a verdadeira alegria, que o mundo por melhor que seja não tem para oferecer, a alegria de viver na graça do Senhor!