Sagrada Família: Jesus, Maria, José!

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1ª Leitura – Eclo 3,3-7.14-17a (gr.2-6.12-14)
Salmo – Sl 127,1-2.3.4-5 (R. Cf 1)
2ª Leitura – Cl 3,12-21
Evangelho – Lc 2,22-40


“O menino crescia…”

“22Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor. 23Conforme está escrito na Lei do Senhor: ‘Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor.’ 24Foram também oferecer o sacrifício – um par de rolas ou dois pombinhos – como está ordenado na Lei do Senhor. 25Em Jerusalém, havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso, e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele 26e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. 27Movido pelo Espírito, Simeão veio ao Templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, 28Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: 29‘Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; 30porque meus olhos viram a tua salvação, 31que preparaste diante de todos os povos: 32luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel.’ 33O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. 34Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: ‘Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. 35Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma.’ 36Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada; quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. 37Depois ficara viúva, e agora já estava com oitenta e quatro anos.  Não saía do Templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações. 38Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. 39Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor, voltaram à Galileia, para Nazaré, sua cidade. 40O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele.”


Comentário por Padre Simeão Maria, fmdj.

Jesus quis nascer e crescer em uma família humana. A salvação foi-nos oferecida num contexto de família. Frutifica o dom de Deus no viver no escondimento em Nazaré na Galileia com Maria, a mãe e José, o carpinteiro. O grande segredo de Jesus em Nazaré, é o de não haver mistério. Tudo vivido na simplicidade e na normalidade de uma família, “O menino crescia…”, crescia no silêncio. O silêncio é a linguagem de Deus. O evangelista Lucas inicia falando da apresentação do menino Jesus no Templo com bastante ênfase na fidelidade da família de Jesus à Lei do Senhor (vv. 22.23.24), ele quer deixar claro que Jesus, desde o início da sua caminhada entre os homens, viveu na diligente fidelidade aos mandamentos e aos projetos do Pai. A missão de Jesus no mundo passa por aí – pelo cumprimento da vontade e do projeto do Pai.

No Templo, duas personagens acolhem Jesus: Simeão e Ana. Eles representam esse Israel fiel que espera ansiosamente a sua libertação e a restauração do reinado de Deus sobre o seu Povo.

De Simeão diz-se que era um homem “justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel” (v. 25). As palavras e os gestos de Simeão são particularmente sugestivos… Simeão toma Jesus nos braços e apresenta-O ao mundo, definindo-O como “a salvação” que Deus quer oferecer “a todos os povos”, “luz para se revelar às nações e glória de Israel” (vv. 28-32). Jesus é, assim, reconhecido pelo Israel fiel como esse Messias esperado, o salvador, a quem Deus enviou – não só ao seu povo, mas a todos os povos da terra. Aqui desponta um tema muito querido a Lucas: o da universalidade da salvação de Deus… Deus não tem já um Povo eleito, mas a sua salvação é para todos os povos, independentemente da sua raça, da sua cultura, das suas fronteiras, dos seus esquemas religiosos. As palavras que Simeão dirige a Maria (“este menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para ser sinal de contradição; e uma espada trespassará a tua alma” – vv. 34-35) aludem, provavelmente, à divisão que a proposta de Jesus provocará em Israel e ao resultado dessa divisão – o drama da cruz.

Ana é também uma figura do Israel pobre e sofredor (“viúva”), que se manteve fiel ao Senhor (não casou novamente, após a morte do marido – v. 37), que espera a salvação de Deus. Depois de reconhecer em Jesus a salvação anunciada por Deus, ela “falava do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém” (v. 38).

O texto termina com uma referência ao resto da infância de Jesus e ao crescimento do menino em “sabedoria” e “graça”. Trata-se de atributos que lhe vêm do Pai e que atestam, portanto, a sua divindade (v. 40). Jesus é o Deus que vem ao encontro da humanidade com a missão que lhe foi confiada pelo Pai. Jesus veio cumprir integralmente o projeto do Pai… E esse projeto envolve diretamente José e Maria. A Sagrada Família é o ícone da Igreja doméstica, é a escola de oração para todos os orantes de todos os tempos.