33º Domingo do Tempo Comum
Leituras:
1ª Leitura – Pr 31,10-13.19-20.30-31
Salmo – Sl 127,1-2.3.4-5 (R. 1a)
2ª Leitura – 1Ts 5,1-6
Evangelho – Mt 25,14-30
“…e lhes entregou seus bens.”
Comentário por Padre Simeão Maria, fmdj.
Estamos nos aproximando do final do ano litúrgico; de prestar contas a Deus, tudo direciona para Deus, tudo converge para o dia do Senhor, para a plenitude de Cristo, a sua vinda. A vida cristã tem a sua razão de ser, esperando o seu Senhor retornar, o Cristo Jesus virá inaugurar o Dia sem ocaso. Lutando entre as coisas transitórias do quotidiano, colocamos o nosso olhar na eternidade; discernindo com sabedora os valores que encontramos pela frente. Somos filhos e filhas do Dia, gerados para a luz.
A parábola que Jesus apresenta-nos no Evangelho mostra-nos dois exemplos opostos de como esperar e preparar a última vinda de Jesus. Louva o discípulo que se empenha em fazer frutificar os “bens” que Deus lhe confiou; e condena o discípulo que se instala no medo e na indiferença e não faz frutificar os “bens” que ele recebeu de Deus.
O “senhor-patrão” da parábola é Jesus que, antes de deixar este mundo, entregou os bens aos seus “servos”, os discípulos. Os “bens” são os dons que Deus, através de Jesus, ofereceu aos homens – a Palavra de Deus, os Sacramentos, os valores do Evangelho, o amor que se faz serviço aos irmãos e que se doa, a partilha, a misericórdia e a fraternidade, os carismas e ministérios que ajudam a construir a comunidade do Reino. Os discípulos de Jesus são os administradores desses “bens”. A questão é: como devem ser utilizados estes “bens”? Eles devem dar frutos, ou devem ser conservados cuidadosamente enterrados? Os discípulos de Jesus podem – por medo, por comodismo, por desinteresse – deixar que esses “bens” fiquem infrutíferos?
Na perspectiva da parábola, os “bens” que Jesus deixou aos seus discípulos têm de dar frutos. A parábola apresenta como modelos os dois servos que trabalharam com os “bens”, que demonstraram interesse, que se preocuparam em não deixar parados os dons do “senhor”, que fizeram investimentos, que não se acomodaram nem se deixaram paralisar pela preguiça, pela rotina, ou pelo medo. Por isso, foram convidados a participar da alegria do Senhor.
Por outro lado, a parábola condena veementemente o servo que entregou intactos os bens que recebeu. Ele teve medo e, por isso, não correu riscos; mas não só não tirou desses bens qualquer fruto, como também impediu que os bens do “senhor” fossem criadores de vida nova. O Senhor o chama de ‘servo mau e preguiçoso’.
Com esta parábola, Mateus exorta a Igreja de todos os tempos para estar sempre alerta e trabalhando na vigilância, sem se deixar vencer pelo comodismo e pela rotina. O discípulo de Jesus não pode esperar o Senhor de braços cruzados e olhando para o alto, alheio aos problemas do mundo e entregue a indiferença. O discípulo de Jesus espera o Senhor envolvido e empenhado em meio as realidades do mundo, embora não pertencendo ao mundo, ele está ocupado em distribuir a todos os homens seus irmãos os “bens” de Deus e em construir o Reino.
Antes de mais, é preciso ter presente que nós, os cristãos, somos agora no mundo as testemunhas de Jesus e do projeto de salvação que o Pai tem para os homens. É com o nosso coração que Jesus continua a amar os publicanos e os pecadores do nosso tempo; é com as nossas palavras que Jesus continua a consolar os que estão tristes e desanimados; é com os nossos braços abertos que Jesus continua a acolher aqueles que são excluídos; é com as nossas mãos que Jesus continua a quebrar as cadeias que prendem os escravizados e oprimidos; é com os nossos pés que Jesus continua a ir ao encontro de cada irmão que está sozinho e abandonado; é com a nossa solidariedade que Jesus continua a alimentar as multidões famintas do mundo. Nós, cristãos, membros do “corpo de Cristo”, que nos identificamos com Ele, temos a grande responsabilidade de O testemunhar e de deixar que, através de nós, Ele continue a amar os homens e as mulheres que caminham ao nosso lado pelos caminhos do mundo.Temos de crescer e deixar que em nós aconteça uma transformação pela abundancia da graça de Deus em nós. O amor não preguiçoso, não para nas dificuldades; tem coragem de lutar pelo Reino de Deus; em meio aos desafios da vida doa tudo, porque tudo recebeu do seu Senhor.
“Tota pulchra es Maria et macula originalis non est in Te!”