Por que os padres não usam mais batina?

Antes de qualquer coisa, é necessário responder a outra pergunta: “Qual é o sentido da batina?”.

Primeiramente a batina é um sinal de Consagração a Deus. É um “testemunho da identidade do padre e de que pertence a Deus¹.

O sacerdote está acima de todos os homens, de todos os anjos, ficando abaixo apenas de Deus. Por isso, “o padre não pode perder-se no anonimato”¹. Ele é sinal de Deus. É luz, é referência. Ele tem que ser visto, tem que ser encontrado com facilidade. E sem dúvida, a batina ajuda a diferenciar o padre do resto dos homens, enfatizando que ele não é uma pessoa comum, não é um homem como os demais. O padre de batina é facilmente reconhecido pelas pessoas, porque traz Cristo em suas vestes e, consequentemente é identificado como representante de Nosso Senhor Jesus Cristo na Terra. Se não fosse assim, como identificar um padre se ele andar disfarçado de leigo por aí?

“É um dever de se mostrar sempre tais como sois a todos, com uma humilde confiança, com este sinal externo: é o sinal de um serviço sem descanso, sem idade, porque ele está gravado em sua própria alma”¹. Afinal, se é padre 24 horas por dia.

Por outro lado, a batina é um sinal de luto, porque significa morte: morte à vontade própria e ao mundo. Ela sinaliza renúncia ao prazer e à sedução, ao desejo de poder, dinheiro e aparência para se comprometer a imitar Cristo casto e pobre. Talvez por isso o uso da batina se tornou um desafio tão grande e, por outro lado, tão urgente. “Em um mundo tão sensível à linguagem das imagens”¹, somos todos seduzidos pelas coisas do mundo, inclusive os padres, mas estes são protegidos e fortificados pela batina.

Essa renúncia ao mundo e a entrega total a Deus como ministro no seguimento de Cristo a serviço do próximo fazem da batina um distintivo, como uma farda de um soldado. E assim como um policial sem farda não pode ser reconhecido e, portanto, perde sua autoridade, também o padre que não estiver usando a batina, facilmente, se mistura ao povo, e o povo “o engole”. O que significa que se o padre está com a sua veste própria, é convidado a agir como sacerdote.

Por estas e tantas outras razões, o padre deveria usar batina como uma resposta para todos e, principalmente para si mesmo, afirmando que o compromisso divino que assumiu na sua ordenação sacerdotal está de pé. E que uso da batina é a melhor maneira de demostrar sua disposição a todos e ao serviço do Reino de Deus.

Talvez os modernistas vão contradizer afirmando que o traje não impede nenhum padre ou religioso de agir mal e que “o habito não faz o monge. Sim, com certeza “o habito não faz o monge”, mas segundo uma pesquisa feita por Hajo Adam e Adam Galinsky, da Northwestern University: “a roupa tem, sim, um efeito sobre quem a usa. A roupa pode exercer influência sobre o modo como quem a usa sente, pensa e se comporta, através do significado simbólico associado a ela”². Assim como uma toga significa justiça, um terno caro significa poder e um jaleco de laboratório significa atenção e foco científico, o traje clerical é associado a “fé, dedicação e ao compromisso de liderança responsável na comunidade religiosa, e o líder religioso pode exercer suas tarefas e inspirar seguidores de forma mais efetiva quando usa esse tipo de vestimenta”².

Com esse argumento científico que a roupa não só influencia a pessoa que a usa, como também pode inspirar outras pessoas, podemos finalizar afirmando que o habito não faz o monge, mas dignifica quem o usa!

  1. Papa João Paulo II
  2. Hajo Adam e Adam Galinsky