A CONFERÊNCIA DA PASTORAL DIOCESANA.
A CONFERÊNCIA DA PASTORAL DIOCESANA
A reunião pastoral diocesana acabou. Uma ótima conferência do DOM (*). Linda, atraente, erudita e cheia de esperança. O plano pastoral era claro: chamava-se Do desafio à proposta e este título era tudo um programa, como se costuma dizer. Ou seja, era preciso superar o conflito para aceitar e adotar apenas um método de proposta.
Padre José esteve presente lá. O bispo havia recomendado que todos os párocos da diocese estivessem presentes, e ele, que costumava obedecer e não fazer barulho, não queria faltar. Foi um pouco ruim, sim. Ele havia comunicado ao secretário do bispo que sua presença significaria não poder celebrar a missa da noite em sua paróquia da periferia. Mas o secretário respondeu: o bispo quer que eu esteja presente na convenção, custe o que custar.
Não era ruim para ele (tinha celebrado a missa de manhã cedo em sua casa paroquial), mas para aquelas poucas velhinhas que estavam sempre ali, todas as noites, como fiéis sentinelas, na missa vespertina. O padre José os admirava. Claro, eles tinham seus defeitos, não raro brigavam entre si, eram cheios de escrúpulos e dispostos a incomodá-lo de graça, mas estavam lá, sempre presentes: nunca faltaram. Eles recitaram o Rosário e se lembraram de todos. Rezaram pelo Papa, pela paróquia, pelas famílias da paróquia e também pelo seu pastor. E o Padre José estava convencido de que aquelas saudações iam direto ao Coração da Virgem, porque conhecia as histórias individuais daquelas pobres mulheres: em confissões frequentes repetiam-nas ao pormenor, acreditando que as contavam pela primeira vez. Algumas tinham um marido alcoólatra, algumas um filho distante e divorciado, algumas um sobrinho com problemas com drogas, algumas uma filha para lutar contra uma doença ruim.
O padre José pensava assim quando, voltando à casa paroquial à noite, começou a reler as anotações que havia feito diligentemente durante a conferência e também a fotocópia que havia sido distribuída a todos os presentes: padres, religiosos e religiosas, agentes pastoral, diáconos permanentes, ministros extraordinários, etc. … Deteve-se nas seguintes palavras: … os agentes pastorais agirão de acordo com as diretrizes que a Pastoral diocesana traçará para o ano em nível metodológico (*). Recomenda-se o conhecimento do plano pastoral, para evitar qualquer improvisação, para garantir a coordenação com aqueles que são chamados a cumprir a mesma missão. Recomendamos também um conhecimento sociológico adequado da área em que terá que atuar e dotar-se das ferramentas mais modernas e criativas …
Padre José continuou a ler, e enquanto lia algumas reflexões veio espontaneamente a ele: Mas para que serve tudo isso? Na minha paróquia, só sobramos eu e minhas velhinhas. Os jovens foram embora. Para quem vai à Missa dominical, o respeito pela Lei de Deus é agora apenas um pormenor … Padre José lamentou e, lendo, sentiu dentro de si que aquelas palavras eram vazias, que não centravam a questão, que continuando assim – talvez – ele perderia muito. Depois censurou-se: não podia questionar tudo, que afinal a Igreja se baseava em um Outro. Ele se forçou a não pensar mais nisso.
Esse dia era 4 de novembro, festa de São Carlos Borromeu. O Padre José foi à sua pequena e decrépita biblioteca, levou um livro antigo, era uma vida do grande bispo de Milão. Ele abriu ao acaso, saiu muito pó, fazia muito tempo que não folheava aquele livrinho. Uma frase de São Carlos sublinhada a lápis se destacou, talvez ele a tivesse destacado quando era jovem. Quem sabe: talvez quando ainda era seminarista: Ganha-se almas com os joelhos.
O padre José fechou o livro antigo. Ele sorriu, mas era um sorriso sério e concluiu: este era o plano pastoral de são Carlos!