FÉ NÃO É UM SENTIMENTO
FÉ NÃO É UM SENTIMENTO
Hoje na religião, sobretudo evangélica e Renovação Carismática, buscamos consolo e estados de entusiasmo esquecendo que devemos amar a Deus, independentemente das emoções e do que se sente
Hoje é generalizada, por razões que encontram sua explicação no modernismo teológico, uma “sentimentalização” da fé. Não é mais a verdade que garante a experiência, mas o oposto: é a experiência que deve garantir a verdade. Na fé, busca-se consolo e estados de entusiasmo. Esquecendo que não devem ser amadas as consolações de Deus, quanto o Deus das consolações. Independente do que você “sinta“, você tem que amar a Deus com tudo mesmo. Isso é fé verdadeira.
Lemos o que o Padre Gabriel de Santa Maria Madalena (1893-1953) escreve sobre isso em sua “Intimidade Divina“: “Ó Senhor, que eu te ame por si mesmo e não pelo meu consolo; que eu te ame, sempre busque sua vontade e não a minha. […]”
Amar é amar alguém; entende-se, portanto, que a essência do amor está no ato da vontade com que se ama. Isso não altera o fato de que em nós este ato deve ser facilmente combinado com afeto sensível e, em seguida, o amor é juntos um ato de vontade e sensibilidade; no entanto, é claro que a substância do amor verdadeiro não está na emoção do sentimento, mas no ato de vontade.
A caridade não muda a maneira como amamos, mas penetra nela, “sobrenaturalizando-a”, fazendo a vontade e a sensibilidade capaz de amar a Deus. Sim, até nosso afeto sensível pode estar envolvido no ato de amor sobrenatural; Deus não desdenha nem mesmo essa manifestação mais humilde e menos alta do nosso amor por Ele, tanto que nos ordenou que o amassássemos não só com toda a nossa mente e alma, mas também com todo o nosso coração.
Todas as nossas forças – intelectual, volitiva, afetiva – estão empenhadas no ato de amor e, no entanto, a substância deste ato não está no sentimento, mas na vontade. Portanto, quando em seu amor por Deus você permanece frio sobre sensibilidade e não “sente” nada, não deve ficar chateado: você encontrará tão menos satisfação em seu amor – porque sentir amor é muito mais doce – mas seu ato de amor será igualmente verdadeiro e completo. De fato, sem o apoio e o impulso que vem do sentimento, será forçado a aplicar-se com mais decisão no ato que vem da vontade e isso, longe de prejudicar, tornará seu ato de amor mais volitivo, e, portanto, mais meritório.
Precisamente porque a substância do amor reside no ato de vontade que ama a Deus, aqui o Senhor, a fim de tornar seu amor mais puro e mais intenso, muitas vezes o privará de qualquer doçura de sentimento; você não vai mais sentir vontade de amar a Deus e isso lhe dará dor, mas, na realidade, você vai amá-lo na medida em que você certamente saberá como querer sua vontade, sua aprovação, seu gosto acima de tudo.
Além disso, sentir o amor não está em seu poder, enquanto está sempre em seu poder fazer atos de amor com vontade, é sempre em seu poder amar a Deus tentando com toda a sua força viver por Ele, para agradá-Lo.